Na manhã de ontem, dia 27 de julho, o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista coletiva na qual ameaçou mandar prender o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald, que vem publicando os áudios e trechos das conversas, envolvendo os procuradores federais da Operação Lava-Jato e o ex-juiz federal Sérgio Moro, hoje atual ministro da justiça do governo Bolsonaro.
O conteúdo jornalistico publicado por Glenn Greenwald e sua equipe traz graves denúncias contra o ex-juiz, que pelo o que tudo indica, agiu fora das suas prerrogativas legais, orientando, indicando testemunhas, e em alguns casos teoricamente, produzindo provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na sede da Policia Federal em Curitiba, condenado pelo ex-juiz, no âmbito da Operação Java-Jato.
Pela liberdade de imprensa
O Intercept condena veementemente as declarações que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez sobre o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro chamou Glenn Greenwald de “malandro” por ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil, o que dificultaria a sua deportação do país.
A acusação seria ridícula se não fosse perigosa: o casamento de Glenn Greenwald ocorreu há quatorze anos, antes dele e da equipe do Intercept Brasil terem começado a publicar uma série de reportagens baseadas em um arquivo de conversas secretas revelando a má conduta de certos membros da força-tarefa Lava Jato.
Bolsonaro também disse que Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil”, uma expressão coloquial que soa como uma ameaça.
Glenn Greenwald e os repórteres do Intercept Brasil conduziram seu jornalismo com a máxima integridade, sempre pensando no interesse público, e por isso, gozam de total proteção da Constituição brasileira.
O Intercept apoia e reafirma o direito de Glenn Greenwald, e de todos os jornalistas do Intercept Brasil, de fazer jornalismo sem qualquer intimidação oficial, muito menos deportação ou prisão.
Somos gratos pela solidariedade dos defensores da liberdade de imprensa em todo o mundo, já que as instituições democráticas brasileiras enfrentam esse profundo teste sob o atual governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão.
Experiências autoritárias em diversas partes do mundo demonstram que, mais do que nunca, é hora de fortalecer o jornalismo independente, que não se ajoelha diante de governantes ou de corporações.