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Vereda: Um processo judicial é o principal assunto das rodas de conversas na pequena cidade de Vereda, extremo sul baiano, mas, não é qualquer processo, nesse processo, um filho, o mais velho entre oito irmãos, resolveu processar sua mãe, uma idosa de 89 anos de idade, isso por sí só já seria um fato não tão comum, mas, recebe contornos ainda mais pitorescos pelo fato das pessoas envolvidas serem extremamente conhecidas na política regional.

Os autores da ação judicial nº 8000783-98.2016.8.05.0123, proposta perante a Vara Cível da Comarca de Itanhém (que responde também pelo município de Vereda), tratam-se do ex-prefeito de Vereda, ADALBERTO DA ROCHA NONATO (DEM) e sua esposa, MORIZARLE SOUZA FERREIRA NONATO, do outro lado, uma idosa (89 anos de idade), dona IDALINA DA ROCHA NONATO, ninguém menos, que a mãe de Adalberto e sogra de Morizarle. Isso mesmo, o político processou sua mãe.

No centro do embate judicial, estão duas grandes propriedades rurais no município de Vereda, a Fazenda Vereda e a Fazenda Uruguaiana, a primeira as margens da pequena cidade de Vereda e conforme consta uma das maiores produtoras de leite do município e da região, a segunda, as margens do povoado de São José, popularmente conhecido como Piau, utilizada para engorda de bois, conforme corretores de imóveis consultado por esse portal, ambas fazendas valem milhões de reais.

O político acionou a Justiça contra sua mãe

Na ação judicial, em que o ex-prefeito Adalberto Nonato e sua esposa Morizarle ingressaram contra a própria mãe do político, Idalina Nonato, popularmente conhecida por Dona Dai, o político afirma ser proprietário das Fazendas Vereda e Uruguaiana, e diz que havia emprestado parte da terra, para que sua mãe engordasse alguns bois.

O político teria muitas dívidas e necessitaria vender urgentemente as terras

Em outro trecho da ação, Adalberto diz que devido à crise financeira que assola o país, o político, necessitaria com muita urgência vender as fazendas para pagar dívidas que contraiu junto a credores e por essa razão sua mãe teria que retirar o gado das fazendas para poder recompor o pasto que estaria abaixo da média devido à seca e assim poder vender as propriedades para saldar as dívidas.

O político acusou a mãe de maus tratos aos animais

Em outro trecho, o ex-prefeito Adalberto, também alega que sua mãe não cuidava dos animais que ela tinha na propriedade, e que ele (Adalberto) estava muito preocupado com a saúde dos animais que sequer tinha assistência veterinária, medicamentos e sequer reforço mineral e principalmente pela falta de pasto, em virtude da seca que assola Vereda.

O político notificou extrajudicialmente a mãe para que a mesma retirasse os bois das fazendas

Na ação, Adalberto disse que notificou sua mãe para que no prazo de 72 horas retirasse os animais das propriedades que alega serem sua, entretanto, a sua mãe não retirou o gado, e por isso ele entrou com o processo para obrigar ela retirar.

Em sua defesa Dona Idalina afirma que a história contada por Adalberto é mentirosa

Na defesa apresentada por Dona Idalina, a mesma afirma que é uma pessoa idosa com 87 anos atualmente (hoje 89 anos) e que a história contada pelo seu filho e sua nora é mentirosa. Que esse nunca emprestou terra alguma para ela.

Desavença por causa de política eleitoral

 

Dona Idalina também afirma que a desavença familiar teve início com as eleições municipais de 2016, no qual Adalberto desistiu de concorrer à Prefeitura de Vereda e resolveu apoiar o atual prefeito Dinoel Carvalho, candidato à reeleição na época, ao tempo, que ela apoiou seu outro filho Salvador Nonato, que disputou a candidatura a vice-prefeito na chapa oposicionista, e que por isso, Adalberto a processou na Justiça, contando mentiras deslavadas, e tentando por fim a um acordo familiar de mais de 40 anos entre ela e os seus filhos.

Acordo de mais de 40 anos estaria sendo quebrado

Dona Idalina, afirma que parte das fazendas que utiliza para criação de bois e principalmente vacas leiteiras é fruto de acordo familiar de exatos 45 anos. Que desde a época que seu esposo faleceu, afim de não ver as suas terras divididas, comprou outras propriedades com recursos próprios no tamanho equivalente a que seus filhos teriam direito na herança do falecido e deu aos filhos, incluindo Adalberto, para que os mesmos não vendessem as propriedades rurais para pessoas estranhas, e desde sempre, ocupou e ocupa as fazendas.

Também afirmou que mesmo doando as propriedades aos filhos, deixou que eles permanecessem com o direito sobre as Fazenda Vereda e Uruguaiana, mas, que o usufruto vitalício seria dela enquanto vida estivesse, e que foi aceito o acordo por todos.

Adalberto comprou direitos nas mãos dos irmãos abaixo do preço

Dona Idalina afirma também que inclusive pelos filhos não puderem vender as terras para pessoas estranhas ao núcleo familiar, o seu filho Adalberto utilizou-se desse argumento para adquirir o direito à propriedade junto aos demais irmãos, com preços bem inferiores ao praticado no mercado imobiliário.

Adalberto tem conhecimento do acordo

Alega também que seu filho Adalberto tem conhecimento do acordo familiar, e que inclusive a fazenda que ele reside foi comprada por ela e doada diretamente a ele.

Animais criados por Idalina estaria bem cuidados

Em outra parte do processo Dona Idalina demonstra que os animais criados na propriedade têm tratamento veterinário, recebem medicamentos necessários e tem reforço mineral, também mostra que ao contrário da “seca” alegada pelo seu filho, os pastos encontram-se em ótima qualidade.

Briga judicial envolveu “guerra” de liminares

Após a Justiça negar duas vezes o pedido de liminar de Adalberto Nonato com o fundamento que Adalberto não demonstrou “a probabilidade do direito e o perigo de dano”, a Justiça de Itanhém, um ano e meio depois, resolveu por bem conceder a liminar, que foi cumprida em um dia de feriado estadual (02 de Julho), onde Adalberto, sem a presença da mãe, procedeu com a retirada de todo o gado da mesma, colocando em um curral.

A mãe descontente com a decisão local, recorreu ao Tribunal de Justiça da Bahia, que de imediato suspendeu a liminar proferida em Itanhém, razão que Adalberto que já estava ocupando o imóvel teve que retirar o gado que já havia colocado e parar a construção de um “curral” que havia iniciado na propriedade.

Aguarda-se cenas dos próximos capítulos da disputa judicial

As rodas de conversa na pequena cidade de Vereda o assunto não é outro senão o processo que o filho (Adalberto) ingressou contra a própria mãe (Idalina)

Um dos grandes pensadores contemporâneos, o filósofo, Mário Sérgio Cortella, comentou um fato ocorrido em 2012, quando uma maratonista, que poderia valer-se do descuido de um concorrente para ganhar uma maratona, alertou o concorrente e o fez chegar à vitória em primeiro lugar. Perguntado porque agiu como agiu, ele disse: “Se eu tivesse ganho de modo desonesto, como é que eu iria contar para minha mãe.” Segundo Cortella, a mãe é o último reduto que você não quer envergonhar.

O portal tentou contato com os envolvidos. Inúmeras tentativas sem êxito, mas, se houver qualquer esclarecimento adicional, o portal está aberto a ofertar o direito ao contraditório.

Todos os fatos narrados nessa matéria constam no processo judicial nº 8000783-98.2016.8.05.0123 e são públicos, sendo também de interesse público à informação, tendo em vista que as pessoas envolvidas no imbróglio também são pessoas públicas. O processo foi extinto no último 01 de julho, na forma do artigo 487, III, b, do Código de Processo Civil em razão de transação consensual realizada através sentença homologatória.

 

Por: Opinião Pública/ DA REDAÇÃO/

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