Compartilhem essa reportagem!

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, retratou-se com a mãe do cantor Cazuza, Lucinha Araújo. Vélez havia atribuído equivocadamente ao artista uma frase de 1 programa humorístico.

A frase foi dita à revista Veja, em entrevista publicada na última 6ª feira (1º.fev.2019). Ao ser questionado se a liberdade inclui ensinar marxismo, fascismo e liberalismo, o ministro respondeu que “liberdade não é o que pregava Cazuza, que dizia que liberdade é passar a mão no guarda” e completou: “não! Isso é desrespeito à autoridade, vai para o xilindró”.
Nesta 3ª feira (5.fev), Vélez ligou para Lucinha para “desfazer o equívoco”.

Lucinha escreveu carta aberta

Mais cedo no mesmo dia, em uma carta aberta, Lucinha havia explicado que as frases atribuídas a Cazuza, que morreu na década de 90, eram falsas. Classificou o episódio como “inadmissível” e disse que processaria o ministro, caso ele não se retratasse.

Eis a íntegra da carta:

“Caro Sr. Ricardo Vélez Rodriguez, Ministro da Educação, se meu filho estivesse vivo tenho a certeza de que pediria piedade, mas como não sou ele e minha idade suprimiu os panos quentes, considero inadmissível uma pessoa ocupando o cargo que ocupa não ter a preocupação de citar uma pessoa pública sem compromisso com a verdade.


Não venho a público para discussão política, nesse momento, por mais que os discursos retrógrados, que agridem a liberdade individual dos cidadãos brasileiros em suas escolhas pessoais vão contra a todos os princípios pelos quais trabalho à frente da Viva Cazuza há 28 anos.


Cazuza foi um artista que deixou um legado através de sua obra, e isso não é a mãe do artista quem está dizendo, mas sim pela importância de sua obra, do número de novos artistas que a regravam, do quanto é tocado nos rádios, do quanto é baixado nos streamings, mesmo depois de 28 anos longe de nós.

Se achar que é pouco, gostaria de lembrar que Cazuza foi a primeira pessoa pública no Brasil a assumir sua condição de HIV positivo, o que possibilitou a luta pelo acesso universal do tratamento, o que fez do Brasil um país reconhecido mundialmente pelo programa de Aids e posteriormente imitado por outros tantos.

Posso vislumbrar que não seja prioridade do atual governo programas sociais que visem a igualdade de direitos, respeito as minorias, educação e saneamento básico como prioridades, mas respeito a democracia que elegeu o atual presidente e que lhe nomeou.

Mas, não posso deixar que declarações levianas coloquem na boca de Cazuza o que ele nunca disse. Gostaria de deixar aberta a possibilidade de se retratar publicamente para que não seja necessário ter que tomar providências jurídicas.

Atenciosamente, Lucinha Araújo

Por: Opinião Pública/ Da Redação/ Fonte/ Estadão/

Olá, WhatsApp do Portal Opinião Pública!