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O esquema fraudulento de fornecimento de gás medicinal adulterado ao Hospital Municipal de Teixeira de Freitas voltou a ser assunto no Programa do Xandão, na rádio Cidade FM, desta vez trazido à tona pelo doutor Uldurico Pinto. Ele foi ao programa para cobrar a responsabilização dos culpados pelas centenas de mortes causadas pelo uso criminoso de um gás adulterado no Hospital de Teixeira de Freitas Municipal, crime descoberto no ano passado.

“Tem uma quantidade muito grande de gente que sofreu com a perda de ente querido devido a esse gás da morte, que nada mais é do que o gás de oficina, de indústria, que por picaretagem foi colocado no hospital como oxigênio para os pacientes que estavam precisando”, disse doutor Uldurico. “Foi uma coisa muito dolorosa o que aconteceu em Teixeira de Freitas e em Alcobaça, onde o prefeito é Leo Brito, filho do prefeito de Teixeira de Freitas Temóteo Brito. Esses dois são reincidentes em várias acusações gravíssimas”, apontou.

Como médico de formação, doutor Uldurico sabe muito bem o mal que o uso de oxigênio não medicinal pode causar, inclusive levando os pacientes à morte, que fui o que ocorreu no Hospital de Teixeira de Freitas. “Sou médico, entendo que esse oxigênio contaminado com produto químico dá náuseas, causa surdez, pode dar cegueira, vômito e morte”, explicou.

“O Ministério Público, de forma muito clara, muito corajosa, teve um papel importantíssimo para apurar o caso, mas as pessoas precisam saber o que aconteceu, a Câmara Municipal precisa se posicionar, tem muitos vereadores sérios, podem abrir uma CPI para apurar. É uma coisa séria, pois envolve muitas vidas. Todo mundo quer saber a verdade”, disse. “A falta de humanidade é muito grande. As pessoas doentes, vivendo um momento de fragilidade, de dor, e aí colocam um oxigênio envenenado com produto químico porque era mais barato. Isso é gravíssimo, é uma falta de vergonha, é sinônimo de incompetência, desonestidade e maldade.”

Ele lembrou também que as famílias das vítimas precisam ser indenizadas.

“Houve um crime em Teixeira de Freitas e tem muita gente que está calada. As pessoas têm direito de saber a verdade, se o prefeito não sabia do risco desse gás ou se comprou mais barato para fazer maracutaia. Morreu uma quantidade imensa de gente no hospital de Teixeira de Freitas e os responsáveis por essas mortes estão por aí, soltos. Vai ficar por isso mesmo? São poucas pessoas falando sobre o gás da morte. Em pleno século 21 ocorreu um verdadeiro genocídio e fica por isso mesmo? Vão ficar calados?”, critica doutor Uldurico.

Não se sabe desde quando a suposta fraude era realizada, nem quantos cilindros com oxigênio industrial foram utilizados em pacientes, mas estima-se que faleceram devido ao uso do gás da morte mais de 400 pessoas, o dobro de vítimas do que causado pelo estouro da barragem de Brumadinho.

Ex-Dep. Federal e médico Dr. Uldurico Pinto

O caso fica ainda mais grave se for levado em conta que o município de Teixeira de Freitas possui uma usina própria de oxigênio ar medicinal, localizada dentro do HMTF. Portanto, não haveria necessidade de ter comprado o gás industrial.

Inclusive em 2017 o município pagou R$ 78.050,00 à empresa Consmed Serviços Técnicos Ltda para a realização de reforma na usina de oxigênio, bem como reparos na rede canalizada de gases do HMTF, na Unidade Municipal Materno Infantil e na UPA.

Entenda o caso

Em setembro de 2018, o Ministério Público Estadual denunciou à 1ª Vara Criminal da Comarca de Teixeira de Freitas, Diogo Lemos Dias dos Santos e o seu pai Izaías Rodrigues da Silva, donos da empresa Assis & Rodrigues Ltda-ME.

Segundo o MP, eles estão envolvidos em um esquema de adulteração de cilindros medicinais que estavam sendo fornecidos aos dois hospitais públicos da cidade. A denúncia nasceu após uma sigilosa investigação do Ministério Público que culminou com a prisão em flagrante do contador Diogo Lemos Dias dos Santos.

Por ocasião da operação na sede da empresa Assis & Rodrigues Ltda-ME, no bairro Castelinho, em Teixeira de Freitas, foram apreendidas dezenas de cilindros.

De acordo com o MP, as investigações levaram a conclusão que a empresa fornecia cilindros de oxigênio industrial como se fossem de oxigênio medicinal às unidades de saúde da região, a exemplo do HMTF (Hospital Municipal de Teixeira de Freitas) e da UMMI (Unidade Municipal Materno Infantil), e também a unidades de saúde dos municípios de Alcobaça. Para realizar a fraude, a empresa teria comercializado cilindros com lacres distintos dos selos identificadores e pintado de verde cilindros originalmente pretos.

Por: Opinião Pública/ Da Redação/ Fonte/ Portal O Povo News/

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