“Fui roubado”: Proprietário rural denuncia Suzano por invasão, destruição e prejuízos milionários no Extremo Sul da Bahia

 

O drama de um pequeno produtor rural expõe a complexidade do conflito agrário no Extremo Sul da Bahia e levanta questionamentos sobre as ações de grandes empresas na região.

 

Em entrevista exclusiva ao Jornal Liberdade, Antônio Gomes da Silva, de 74 anos, relatou ter sido expulso de sua propriedade, a Fazenda Santo Antônio Coração de Jesus, localizada na região de Aparaju, em Alcobaça, há oito anos, pela então Fibria, que posteriormente se fundiu à Suzano Celulose.

 

Seu Antônio, como é conhecido, conta que adquiriu a propriedade em 2015, com muito esforço, e que em apenas dois anos transformou a terra em um local produtivo, com casa, curral e diversas plantações. No entanto, a chegada de funcionários da Fibria mudou drasticamente sua realidade.

 

“Eles vieram e invadiram. Me roubaram”, lamenta o produtor, que se diz revoltado com a forma como foi tratado. Seu Antônio detalha a ação truculenta da empresa, que teria destruído sua propriedade com motosserras, soltado seus animais e o impedido de registrar a escritura da terra.

 

“Levaram uns 60 homens da empresa de segurança, e meteram motosserras, uns 20 alicates enormes e cortaram tudo. Me cortou logo o curral todo, me soltou meu gado tudo pelo campo, soltou porco, soltou galinha, soltou tudo”, relata o produtor.


 

 

Sem ter para onde ir, Seu Antônio vive atualmente em um barraco de lona à beira da BR-101, na área do DNIT. “E hoje eu moro na BR 101, na beira da BR 101, que é na área do DNIT, um barraco de lona, pode ir lá, todo mundo vê”. Apesar da dor e da revolta, Seu Antônio afirma que não perdeu a esperança de reaver suas terras ou, ao menos, ser indenizado pelos prejuízos sofridos.

 

“Eu sei que eles não vão me dar de volta, mas me paga os valores”. – E qual o recado que o senhor manda para eles?

 

“O recado que eu mando para eles é: eu vou, ainda vou ver a minha terra, né? Ainda vou ver a terra com meu gado, tudo direitinho”.

 

O caso de Seu Antônio não é isolado na região. Outros produtores rurais também relatam ter perdido suas terras para a Fibria/Suzano, e a situação tem gerado grande tensão e insegurança no campo. A reportagem procurou a Suzano Celulose para comentar as denúncias, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

 

Documentos apresentados por Seu Antônio, como a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR) referente ao exercício de 2018 e o Recibo de Entrega da Declaração do ITR do mesmo ano, comprovam a posse da Fazenda Santo Antônio Coração de Jesus, com área total de 25 hectares, localizada no município de Alcobaça.

 

As informações declaradas na Receita Federal, com o número de inscrição 4.455.837-6, atestam a regularidade da situação cadastral do imóvel em nome de Antônio Gomes da Silva.

 

 

Seu Antônio afirma que procurou a justiça e espera que um novo advogado consiga levar o caso adiante.

 

“Eu falei com o advogado que ia procurar a imprensa, e ele pediu para esperar, que era para passar pela Defensoria Pública primeiro, pelo Juiz…

 

Estamos esperando eles dar a sentença, não deu. E aí o seguinte, qualquer coisa, nós vamos pra Brasília, também” disse Seu Antônio.”

 

Fonte: Liberdadenews