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Desde o fim do ano passado, a imagem de Jair Bolsonaro está derretendo. Pesquisas de opinião mostram que metade da população reprova o governo.

O presidente também perdeu terreno nas sondagens sobre a eleição de 2022, nas quais aparece em segundo lugar, atrás de seu antecessor Lula (PT). Controlada por senadores oposicionistas e independentes, a CPI da Pandemia tem funcionado como um catalisador desse processo de desidratação. Não à toa, Bolsonaro atacou a comissão na quarta-feira, 30, em evento público no Mato Grosso do Sul. Disse ele: “Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI, integrada por 7 bandidos, que vão nos tirar daqui”.

A CPI já colheu depoimentos e documentos que revelaram, por exemplo, o desinteresse do governo pela compra da vacina da Pfizer e a aposta em medicamentos de ineficácia comprovada, como a cloroquina, contra o novo coronavírus. Agora, dedica-se a apurar irregularidades em contratos firmados pelo Ministério da Saúde e o pagamento de propina para viabilizá-los.

Este trabalho começou há pouco tempo, mas já desgasta a imagem do presidente numa área cara a ele. Uma pesquisa do Ideia Big Data divulgada na última sexta-feira mostra que apenas 28% dos entrevistados concordam com a frase “O governo do presidente Jair Bolsonaro combate a corrupção”, enquanto 45% discordam.

O impacto da CPI fica mais claro na pergunta feita pelo instituto na sequência: “você mudou sua percepção/opinião sobre o combate à corrupção por parte do governo Jair Bolsonaro na última semana?”. A maioria (79%) respondeu que não, mas 21% afirmaram que sim. As mudanças foram mais expressivas na classe média (24% mudaram de opinião) e entre os homens (25%).

“Mesmo entre os apoiadores de Bolsonaro, houve uma mudança de percepção em relação ao combate à corrupção por parte do governo. Isso é ligado ao episódio da compra da vacina Covaxin e às denúncias de uma potencial aquisição de um lote da AstraZeneca”, diz Maurício Moura, fundador do Ideia.

A suspeita de irregularidades na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde, em contrato intermediado pela empresa Precisa Medicamentos, é o principal eixo de investigação da CPI em sua tentativa de descobrir pagamento de propina a servidores e políticos.

Em depoimento à comissão, o servidor Luis Ricardo Miranda declarou que sofreu pressão atípica para garantir a execução do contrato, inclusive o pagamento antecipado de um lote de imunizantes, o que seria ilegal. Já o irmão dele, deputado Luis Miranda (DEM-DF), afirmou que apresentou pessoalmente as supostas irregularidades a Bolsonaro em 20 de março — e que o presidente, em resposta, declarou que isso seria “rolo” de Ricardo Barros (PP-PR), o líder do governo na Câmara.

Barros não é o único político sob a mira da CPI. Reportagem de VEJA desta semana revela que a cúpula da CPI abriu uma investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e pessoas ligadas a ele. O Zero Um abriu as portas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para Francisco Maximiano, o dono da Precisa.

Em outubro de 2020, eles participaram de uma videoconferência como presidente do BNDES, Gustavo Montezano, que atendeu a dupla a pedido do parlamentar. Na ocasião, segundo a agenda oficial, eles trataram de assuntos de interesse da Xis Fibra Internet, outras das empresas de Maximiano.

Flávio já disse que conhece o dono da Precisa, mas não tem relação com ele. Rechaça também qualquer ajuda ao empresário dentro do Ministério da Saúde. Perguntado sobre as suspeitas em torno da Covaxin, ele respondeu que elas seriam devidamente rechaçadas e não passariam de “espuma”. Uma espuma que, segundo as pesquisas, têm custado caro à imagem de seu pai.

 

Por: Opinião Pública/ DA REDAÇÃO/

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